quarta-feira, 18 de abril de 2012

JEJUM - UM REFORÇO À ORAÇÃO


Texto bíblico: Esdras 8.21-23; Isaías 58.4-11.

INTRODUÇÃO
O jejum é um valioso e eficaz recurso espiritual, aliado à oração e utilizado pelo povo de Deus, de modo sistemático, e em situações difíceis de suas vidas. Para ele ser aceito é preciso que seja acompanhado de justas e piedosas intenções. O jejum não é penitência, mas sim um sacrifício vivo e agradável a Deus. Quando o povo de Israel se humilhava e buscava a Deus com oração e jejum era vitorioso nas batalhas. O próprio Deus ordenara a Israel que jejuasse contritamente (arrependidamente), com boas intenções no coração, no solene e nacional ‘Dia da Expiação’ (dia em que o sumo sacerdote hebreu apresentava o sacrifício de reparação das culpas, por ele mesmo e por toda Israel) (Lv 23.27-32).

O QUE SIGNIFICA JEJUAR (segundo o dicionário teológico da CPAD): É abster-se total ou parcialmente de alimento (acompanhado de justas e piedosas intenções no coração) durante determinado período, para fins de aprimorar o exercício da oração, da meditação e da proximidade com Deus.

O SIGNIFICADO BÍBLICO DO JEJUM
1. Como expressão de arrependimento (1 Sm 7.2–6,8). O povo de Israel pecara contra Deus de tal forma que a nação sofreu grande derrota sob intenso ataque dos Filisteus. Entretanto, a arca do Senhor, capturada, causou grandes prejuízos aos inimigos ao ser levada como troféu. Castigados duramente por Deus, os incircuncisos filisteus resolveram devolvê-la. Mas o pecado do povo era tanto, e também o medo pavoroso de novos castigos divinos, que o objeto sagrado não pode ser levado ao santuário, em Siló, tendo ficado na casa de Abinadabe, em Quiriate-Jearim, próximo a Jerusalém, durante nada menos do que 20 anos.

1.1 - A exortação do profeta Samuel: O Profeta Samuel era um homem de Deus, exortou o povo a converter-se, a retirar os ‘deuses estranhos’ de seu meio, preparar o coração diante do Senhor e servi-lo incondicionalmente. Como resultado daquela grave e solene exortação, o povo humilhou-se e deu prova disso orando e jejuando (1 Sm 7.3,6).

* De nada adianta orarmos e jejuarmos se permanecermos nos maus caminhos. Primeiramente, precisamos consertar o nosso altar.

1.2 - A vitória alcançada: (1 Sm 7.6,9-10). Observe que o Jejum precedeu de uma atitude anterior e interior de arrependimento e obediência a Deus. Assim, hoje, o coração quebrantado, arrependido e submisso, são pré-requisitos para que se alcance o objetivo desejado. Se queremos ver a nossa família vitoriosa, é necessário que busquemos a Deus constantemente. A vontade de Deus é que todos se convertam e se despojem dos “deuses estranhos” que são, além de imagens de pseudos “santos”, a vaidade pecaminosa, os hábitos escandalosos, o orgulho, o egoísmo, a murmuração, as mágoas, a má língua, os ressentimentos, a rebeldia, a insubmissão e o egocentrismo.

* Procura viver em permanente santificação.

2. Como busca da orientação divina (comunicação com Deus).

2.1 - o exemplo de Neemias (Ne 1.4). Neemias passou momentos difíceis quando soube das tristes e decadentes condições de abandono, miséria e destruição em que se encontrava Jerusalém. Então,antes de tomar qualquer decisão, recolheu-se em oração e jejum”. Este é um grande exemplo para os obreiros do Senhor nos tempos atuais. As obras do Senhor necessitam de obreiros consagrados e dignos de sua sublime missão. O apóstolo Paulo ressalta que a prática do jejum deveria ser a característica do obreiro recomendável em tudo (2 Co 6.3-7).

2.2 - O exemplo de Cornélio (At 10). Cornélio era um centurião (militar) romano de Cesaréia e temente a Deus. Buscava ao Senhor, junto com a sua família através de orações, boas ações e jejum, pois que desejava encontrar o verdadeiro caminho. Em certa ocasião apareceu-lhe um anjo do Senhor ordenando que chamasse Pedro. Simultaneamente, o Senhor avisou a Pedro que ele receberia tal convite, através de três varões, para ir à casa de Cornélio, e o orientou sobre a sua obra e missão naquela casa. Lá Pedro pregou o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e o poder de Deus manifestou-se, e todos os que lá estavam foram batizados no Espírito Santo com a evidência de falar em outras línguas (At 10.44-48).

* Persevere (insista) no jejum e na oração, mas sempre de coração limpo, para que suas petições sejam recebidas e atendidas.

3. Diante da ação do maligno (Mt 4.1-11; Mt 17.14-21). Diante da “tentação no deserto”, logo após o batismo nas águas por João Batista, Jesus recorreu à oração, ao jejum e à Palavra, durante 40 dias e quarenta noites. Por isso venceu todas as investidas do maligno sobre a sua vida. Em outra passagem, após descer do Monte da Transfiguração, encontrou um pai aflito que lhe suplicava pela libertação de seu filho endemoniado. Os discípulos já haviam tentado expulsar aqueles demônios, porém, sem êxito. Jesus, após repreender a incredulidade de todos, expulsou os demônios e livrou o menino daquela opressão. Os discípulos então perguntaram: por que não pudemos nós expulsá-los? Jesus lhes respondeu: “Por causa da vossa pequena fé... (Mt 17.20ª). Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e jejum”  (Mt 17.21).

4. Nas lutas do dia-a-dia. Na vida diária nos deparamos com situações que não são resolvidas somente com oração. É uma filha que se prostitui com o namorado, ou possui amizades ruins, é um filho que se droga, é um marido que bebe, que tem mulheres na rua e que quando chega em casa bate na mulher, bate nos filhos e quebra tudo dentro de casa, é uma mulher que também quando sai faz uma porção de bobagens, etc. É preciso orar e jejuar para vencer esta casta de demônios. O jejum e a oração são poderosas armas espirituais para se combater a ação do inferno nos lares, mas muitas vezes é preciso a ajuda de outros irmãos, bem como a oração da Igreja. É preciso também ler sobre as Armaduras de Deus (Efésios 6.10-18).

* É poderosa a oração dos crentes, quando reunidos em nome do Senhor Jesus, dentro de um mesmo propósito.

5. O jejum e a condição física do crente. Além de uma vida espiritual consagrada, é preciso que o crente observe alguns cuidados no que diz respeito ao jejum. Se a pessoa estiver doente ou com debilidade física, não deve fazer jejum. Também não se deve fazer por um tempo exagerado, acima daquilo que cada um pode suportar, para que não venha adoecer, pois o jejum exagerado não irá apressar a resposta divina (Deus não quer mais penitências, mas sim, obediência e dedicação). O jejum pode ser: total – sem comida alguma e sem bebida; parcial – sem comida mas com água;  deixar de comer alguma coisa que se goste muito por algum tempo, ficar sem ver televisão, ficar sem usar a internet, etc.

A ESPIRITUALIDADE DO JEJUM
Em Isaías 58.1-14 (lido em parte no início), está registrado o que Deus considera como jejum espiritual. Ali aprendemos a diferença entre o falso e o verdadeiro jejum. Quem se propõe jejuar e ser aceito diante de Deus, deverá primeiro abster-se da prática do mal e das atitudes que não agradam ao Senhor. Assim, resumidamente, recomenda o Senhor:  “...que devemos abandonar o pecado, a opressão e cuidar dos necessitados”, para experimentarmos bênçãos inigualáveis (Is 58 6-8,11). A Palavra também, diz em Mt 6.16-18, que devemos nos manter quietos em relação ao nosso jejum; não sair anunciando nem se vangloriando por estar jejuando.

* o jejum só tem valor se estivermos em plena comunhão com Deus e com o próximo.